desenlace


Sabes quando uma flor caiu no chão naturalmente e se vai deprimindo com o tempo? O vento a empurra, as pessoas a calcam?
É tudo tão natural, que nem dão por isso. Cada pisadela, é um murro no coração.
E os sentimentos que se despertam ao olhar uma flor? Para uns agradáveis, para outros invejáveis.
Talvez pelo sentimento que parecem conter, talvez pelo alvo que atingem, talvez…
Só que, quando já no chão e depois de tantas marcas de sapatos em cada célula vegetal das suas pétalas e empurrões do vento (sim, depois de tantos murros e pontapés no coração), ela, o que até um dia despertou todas estas maravilhas interiores pela sua beleza, pelo que transmitia, pelo o brilhante que cegava amorosamente os nosso olhos e transformava os nossos lábios iguais aos de um palhaço (só pelo tamanho com que se alargavam e pela felicidade que pareciam transparecer), agora pode morrer, desfolhou-se, foi-se! Faltam-lhe a união das pétalas e faltam-lhe aquela sua apaixonante cor inicial, já não é tão agradável, já nem é apreciável... quanto mais sentida, como fora antigamente. No entanto, em sua homenagem resta dizer que essa antiga flor, que agora é apenas num olhar duas ou três pétalas machucadas, é num coração ferido a lembrança de um presente que passou mas que continua a ser sentido!
E quando as borboletas chegam, voltam a partir, porque aquela flor já não existe.

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